A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Almas perfumadas

Tem momentos que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Nessas horas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. A gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem momentos que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Tem momentos que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu. Nestes momentos a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. A gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Tocando com os olhos os olhos da paz.
Tem momentos que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não larga. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. A gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Assim é a linha de Erês, a Linha das Crianças da Umbanda (*), composta por Entidades iluminadas, por espíritos que se plasmam e que se “vestem” como crianças para gerar a energia de alegria, pureza, doçura e irmandade, qualidades que muitas vezes estão distantes do mundo dos adultos, dos sérios e responsáveis.
Na UMBANDA são grandes renovadores de nossos sentimentos, amparados pela irradiação de Oxum e seu imenso Amor.
Crianças, Erês, Ibejadas trabalham com tanta força, com tanta pureza e simplicidade, que uma “simples” bala imantada por eles suaviza nossa alma e adoça nossa vida.
Não devemos subestimar essa Linha de Trabalho ou julgar a forma que se apresentam, são espíritos elevados que brincam trabalhando e trabalham brincando.
Ao lado deles, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

(Adpatação do texto da autora : Ana Jacomo) 
(*por:  Mãe Mônica Caraccio)

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