A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.
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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Perdão, os erros, a culpa e a liberdade.


O Senhor Guardião, um Exu da Capa Preta já me mostrou certa vez que o perdão é uma chave que abre todas as portas.
Como seria isso, se eu perdôo o outro que me machuca, que me trai, que assalta, que me magoa, que me agride? Não seria o perdão a chave da prisão desse outro e não da minha?
Se assim for, sou eu a dona da liberdade daquele que erra para comigo e ele depende de mim para libertar-se.
Pois examinando bem a minha consciência, percebo que o perdão que me dão pelos meus erros não é condição suficiente para me libertar das culpas que carrego.
Exu, que chave é essa? De onde vem?
É uma chave quase mágica, de poderes ilimitados, diz ele. Então ele me faz ver ao longo de minha vida, a força e o poder de cada perdão sincero que concedi.
O perdão me liberta das lembranças de todo mal que me foi feito, me limpa a alma. Retira de mim todo ódio, todo rancor, todo desejo de vingança. Deixa-me leve como uma pluma que flutua.
Olha, filha, ele diz.
E eu olho as manchas que carrego em decorrência de meus atos que atentaram contra as leis supremas. A cada perdão concedido elas vão se enfraquecendo e já não me consome tanto a culpa
que antes me açoitava o coração. Um peso vai sendo retirado das minhas costas a cada vez que decido deixar as cobranças com aquele que tem poder e autorização para isso.
Agora veja criança, observa ele mais uma vez. E vai me mostrando a fila de cobradores que atordoada vai fazendo meia volta e retornando. A lei suprema não permitiu que eles me cobrassem
daqueles erros que eu já fui capaz de perdoar. Respiro aliviado ao sentir que aquilo que me ligava a eles já não existe mais, meus últimos sentimentos de rancor vão se evaporando e no lugar deles sinto uma profunda compaixão até mesmo por estes que estavam a me cobrar e que um dia prejudiquei. Mas, estranho, não sinto mais culpa. Ela se foi...
Olho para esse guardião da longa capa preta e ele me diz; filha estenda os braços agora.
Estendo os dois braços e vejo algemas aprisionando meus pulsos. Ele pega a chave do perdão que me havia mostrado pouco antes e abre as algemas. Para sempre? Eu pergunto, já sem conter as lágrimas. E ele responde; enquanto você tiver merecimento para carregar essa chave do perdão que conquistou, não haverá algemas ou portas que possam lhe prender. Poderá transitar por
todos os lugares sem medo de que alguém venha a lhe cobrar por dívidas que hoje você é capaz de perdoar. Entende agora, filha?
Entendi Senhor Guardião, naquele dia, que o perdão que eu penso que concedo ao outro é a mim mesma que eu concedo. Perdoando o outro daquilo que me faz hoje eu perdôo a mim mesma
pelo que fui capaz de fazer aos meus irmãos em tempos remotos, dos quais não me lembro de mais...
Possa eu carregar essa chave por longos dias.
E possa eu contar essa história a outras pessoas, para que possam refletir sobre a sabedoria que encerram as palavras do Senhor Exu da Capa Preta.
Salve o Senhor e a sua banda!
Laroyê Exu!

Por: Vânia Rodrigues Silva

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ogum.


Hoje essa casa homenageia Ogum, que Ele possa iluminar nossos corações e nos guiar no caminho do bem e da caridade.

Ogum é o Orixá do fogo e do ferro.
E o elemento fogo, representado pela cor Vermelha, é importante para todos os seres vivos. Sem o calor, o frio paralisaria tudo. Portanto, o Vermelho propicia movimento e atividade. Vitaliza as energias elétricas, criando assim um forte impulso à ação.
O vermelho é a cor que faz emergir em nós força garra e coragem, dando condições de desempenharmos as funções que fazem parte do cotidiano da vida.
Assim é Ogum. É o sangue quente percorrendo nosso corpo, alimentando nosso coração e oxigenando nossa mente.
Ogum é o Fogo Ativando e Transformando Tudo e Todos!
Ogum é aquele que sempre está em “ronda” para proteger os injustiçados e fazer a ordem ser cumprida com vigor.
Ele, o Divino, o Panteão, a Força, o Fogo, o Senhor e Pai. É Tudo em si e favorece TUDO DE SI, basta entregarmos TUDO que somos.
Corresponde a nossa necessidade de energia, defesa, determinação e prontidão para ação.

Oração a Ogum:

Meu Pai Ogum, vencedor de demanda, grande Orixá responsável pelo
fogo da fé.
Faça com que eu não seja medíocre em minhas atitudes e que não inveje o outro cobiçando seu lugar, seu talento e sua sorte, aceitando assim minha vida, que foi feita com as minhas escolhas.
Meu Pai Ogum,
Ajude-me a enxergar a essência de cada ser humano, pois eu sei que todos nós temos Deus dentro dos nossos corações.
Ensina-me, meu Pai, a rir dos meus tropeços. Faça com que eu não me encante com meus triunfos, e que não me considere eleito antes da hora, mas que eu seja verdadeiro e compreenda que viver, conviver e compartilhar significam ter ganhos e perdas nas relações.
Que eu tenha o discernimento de compreender que as pessoas são diferentes, por isso mesmo ninguém é sempre igual. Ao mesmo tempo todos são iguais: pois erramos e acertamos o tempo todo.
Senhor, Vós sois o domador dos sentimentos espúrios, depurai com Vossa espada e lança minha consciente e inconsciente baixeza de caráter, assim eu compreenderei que ira e ódio nada constroem.
Ogum, meu irmão, amigo e companheiro, continue em Vossa ronda e na perseguição aos defeitos que nos encontram a cada instante mostrando a mim que a única maneira de conquistar é pelo amor.
E se eu não puder conquistar pelo amor, que eu apenas guarde silencio e vá embora orando e tendo compaixão de mim mesmo.
Ogum, grande energia, eu venho humildemente diante de vós pedir proteção para todos os que vêm a essa Casa Santa em busca de ajuda. Que todos nós possamos nos banhar em sua luz de sabedoria, harmonia e retidão no caminho do bem.

Ogunhê meu Pai!