A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Oração da Serenidade

Concede-me, Senhor,
A serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar;
Coragem necessária para modificar as coisas que Eu posso modificar;
E sabedoria para distinguir a diferença.
Vivendo um dia de cada vez;
Desfrutando um momento de cada vez;
Aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz;
Aceitando, como Jesus, que o mundo é tal como é,
E não como eu gostaria que fosse;
Confiando que Oxalá fará bem todas as coisas
Se eu me render à Sua vontade;
Para que eu possa ser moderadamente feliz nesta vida e 
supremamente feliz com Oxalá no coração
Para sempre.

Atabaques

Há um sentido mágico musical no toque dos instrumentos dos terreiros. Não é um simples acompanhamento destituído de qualquer significado. É mais do que isso, pelo campo de vibrações que emerge da sonoridade de cada instrumento e do ritmo no seu conjunto.
A música representa para o homem um caminho de ligação sobrenatural e para o sobrenatural, pelo qual se afiniza seletivamente em vários campos de vibrações.
Os atabaques são tambores de diversos feitios, confeccionados em madeira e recobertos de couro, mas em três tamanhos e sons diferentes: o maior é o rum, o médio é o rumpi, e o menor é o lé.
Procura-se através de uma vibração afinada, obter-se a harmonia para aproximação dos guias espirituais, para manter a concentração da corrente, para a elevação de quem toca e para repousar a mente de quem escuta que necessita se afinizar com o meio.
O som dos atabaques serve para marcar a abertura, a defumação, a chegada dos guias.
O som dos atabaques serve para ativar os chacras ou pontos de energia no corpo melhorando a sintonia com a espiritualidade e criando condições idéias para a prática da incorporação.
As ondas sonoras vão dissolvendo os pensamentos negativos, as energias negativas agregadas as auras das pessoas melhorando o ambiente.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Madre Tereza de Calcutá.

Essa oraçao é para todos, mas em especial àqueles que como bons brasileiros nao desistem nunca...
Muitas vezes as pessoas são egocêntricas ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-la de egoísta, interesseira.
Seja gentil assim mesmo.
Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesta e franca, as pessoas podem enganá-la.
Seja honesta assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode não ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que, no final das contas é entre você e Deus.                                   

Nunca foi entre você e as pessoas.

Nossa Umbanda é tão rica

Nossa Umbanda é tão rica, tem tantos simbolismos e fundamentos, tudo é tão claro e evidente, que não devemos deixar passar despercebido, como acontece continuamente. Não devemos acomodar nosso raciocínio e nosso sentido de lógica. Mesmo porque, nossa fé vai até onde nossa mente permite, vai até onde obtemos respostas.
Acredito ser evidente a todos que quando não sabemos ou não entendemos algo, não acreditamos, portanto fica impossível vivenciar ou compartilhar o seu sentido correto e sincero. Isso é ser prisioneiro de si mesmo, é ser escravo do comodismo e da preguiça. Temos que sair das nossas próprias Senzalas, parar de nos curvar às imposições dos Senhores da Irresponsabilidade que existem dentro de nós e viver, vivenciar a Umbanda na sua plenitude. Conscientes de cada ato, de cada movimento e de cada fundamento.
Acredito que poucas pessoas sabem o que acontece no astral e qual ponto específico está sendo ativado quando um Guia estala os dedos. Acredito que poucos sabem por que um Guia manca ou porque eventualmente é solicitado ao consulente acender uma vela. Acredito que poucos médiuns sabem por que batemos palmas ou porque batemos a cabeça em nossos rituais.
Realmente é uma pena!
Por isso que o estudo é importante, ele traz lógica para as coisas e quando sabemos o que estamos fazendo fica tudo mais fácil, fica tudo mais claro e simples, afinal, temos medo do desconhecido e isso faz parte de nosso instinto, de nosso ser. Toda mudança, toda dúvida, toda falta de resposta causa insegurança, medo e enfraquece nossas ações conscientes e inconscientes.
Tenho certeza que quando o médium souber que ao estalar os dedos o Guia está ativando o Monte de Vênus (região da palma da mão próxima ao polegar) que está ligado ao Chacra Frontal trazendo melhor racionalidade e controle sobre as emoções, propiciando uma poderosa descarga etérica, algo parecido com bombas astrais que des-impregnam a aura do consulente, tudo ficará diferente, o sentido mudará, a fé se fortalecerá e os trabalhos espirituais melhorarão muito.
E isso não é invenção minha, é LÓGICA. Clara, real e verdadeira. Assim como nossa UMBANDA É, basta buscar sua lógica.
E para que vocês não fiquem sem respostas, seguem pequenas explicações para os “porquês” mencionados acima.
Mas esclareço: só irei apontar alguns itens aqui, é importante que estudem que se esforcem e que se dediquem à Umbanda, afinal só amamos aquilo que conhecemos, só temos fé naquilo que acreditamos e só acreditamos naquilo que conhecemos, portanto só temos fé naquilo que amamos.
Porque um Guia manca – assim como as palmas das mãos e as orelhas, nossos pés se comunicam com todas as partes do nosso corpo, neles estão terminais nervosos que se comunicam com nossos chacras e com nosso sistema nervoso, portanto quando o Guia manca ou bate o pé no chão ele está ativando pontos energéticos específicos, está ativando chacras, mandando mensagem para nosso sistema nervoso, além é claro, de ativar a energia da terra para descarregar o próprio médium. O mancar do Guia nada tem a ver com uma deficiência física, mesmo porque Ele não tem corpo físico.
Porque acender vela na igreja – as Entidades que fazem parte da estrutura religiosa umbandista conseguem atingir, atuar e trabalhar em todas as outras religiões, doutrinas e cultos, portanto quando um Preto Velho, por exemplo, pede para um consulente ir à igreja acender velas para almas, ele está enxergando um espírito que, possivelmente, está incomodando o consulente e que necessita de um direcionamento dentro de sua realidade religiosa, que não é a Umbanda. Assim sendo, esse espírito é “levado” para sua realidade espiritual, nesse caso, para a realidade católica. Não adianta querer doutriná-lo, direcioná-lo ou forçá-lo dentro da Umbanda, ele não entende, não se afiniza e, muitas vezes, não quer essa ajuda e quando ele recebe o amparo dentro de sua realidade, com a reza ou com o auxilio da igreja, com certeza o respeito e o livre arbítrio são exercidos sobre esse espírito.
Porque batemos palma – nossas mãos possuem uma quantidade enorme de terminais nervosos, que se comunica com cada um dos chacras de nosso corpo: Dedo Polegar: Chacra Esplênico (região do baço); Indicador: Cardíaco (coração); Anular: Genésico ou Básico (base da espinha); Médio: Coronal (alto da cabeça); Mínimo: Laríngeo (garganta); na região quase central da mão: Chacra Solar (estômago); próximo ao monte de Vênus: Chacra Frontal (testa), portanto quando batemos palmas ativamos todos esses chacras, portanto ativamos nossa energia interna, nossa capacidade de doar e receber energia, também criamos ondas de energias vibrantes e estimulantes que envolvem todos que estão à nossa volta. Depois de uma seqüência de palmas estamos com maior facilidade de percepção espiritual, incorporamos, percebemos e sentimos mais facilmente o plano espiritual.
Porque batemos a cabeça – batemos a cabeça por três motivos: primeiro porque na terra é que foram enterrados os assentamentos dos Orixás quando os negros ainda se encontravam na condição de escravos, tradição essa que continua até nos dias de hoje, ou seja, é na terra que estão assentadas as maiores Forças de um Terreiro, portanto quando batemos a cabeça, estamos sobre os assentamentos, batendo cabeça às tradições, aos Orixás, nos reverenciando e entregando nossa Coroa, nosso coração, nosso corpo e nosso espírito aos nossos ancestrais e aos Orixás; segundo: o elemento terra transmuta, cura e energiza, ou seja, quando batemos cabeça transmutamos nossos pensamentos, curamos nosso emocional e energizamos nosso espírito; terceiro: é na terra que estão enterrados nossos ancestrais e toda a sabedoria de nossos anciãos, portanto ao batermos nossa cabeça todo o conhecimento e sabedoria que ‘mora’ na terra tende a envolver nosso espírito.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Oração a Preto Velho

Dou início a essa sessão: Orações, com uma oração aos Pretos velhos. Meu primeiro contato com um pretinho foi de carinho, confiança e dedicação. Ele sem dúvida me ensinou a amar a Umbanda.
Meu segundo contato com um pretinho foi de aprendizado: aprendizado da paciência: “tenha paciência, tudo tem o seu tempo”.
E eu aprendi que nada nessa vida pode acontecer se não soubermos ter paciência: com nós mesmos, com os outros e com o Universo. 
 Por isso nossa primeira oração vai para os nossos queridos Pais Velhos:

Preto velho que está em nosso coração.
Abençoado seja seu nome no céu.
Tu que já galgastes as escaladas luminosas da espiritualidade
Anima-nos a prosseguir impávidos e serenos através dos obstáculos da vida e combate em nós o desanimo traiçoeiro que como o banzo fatídico, nos aniquila o ser.
Ajuda-nos a vencer na vida material, assim como quando em vida tu ajudaste com teu labor escravo o seu senhor.
Ensina-nos a ter com tua experiência milenar, a calma, a resignação, a compreensão que muito necessitamos e que estejamos sempre contigo.
A vós, bondosos pretos velhos, oferecemos essa prece, reafirmando nossa fé, nossa crença e a nossa esperança na tua força espiritual, sempre a serviço do bem.
Protege-nos e dá-nos a coragem que às vezes nos falta para poder prosseguir na nossa jornada, e que algum dia tenhamos merecimento para receber as graças de Deus.
Protege aqueles que ainda vivem de forma escrava e nos auxiliem a provocar a libertação desses filhos de Deus.
Assim seja.

Umbanda tem fundamento

Acredito que todos sabem que os quatros elementos da natureza, ar, fogo, terra e água, são essenciais para a sobrevivência do ser humano e para existência do mundo.
Aliás, grandes pensadores da Grécia antiga afirmavam que esses elementos formavam todas as coisas, inclusive o mundo.
Para Thales de Milleto (nascido por volta 625 a.C.) – primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia – acreditava que a origem estava na Água e afirmava: “O mundo evoluiu da água por processos naturais”.
Já Anaxímenes (nascido por volta 588 a.C.) dizia que tudo provém do Ar e retorna ao Ar e afirmava: “Exatamente como a nossa alma, o ar mantém-nos juntos, de forma que o sopro e o ar abraçam o mundo inteiro…”. Anaxímenes fez analogias entre o Ar-divino, que sustenta o Universo, e o ar-humano, ou alma, que dá vida aos homens.
O filósofo pré-socrático considerado o “pai da dialética” Heráclito (nascido por volta 540 a.C.) argumentava que o fogo era o agente criador. Afirmava que o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, torna-se água; e esta, solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo.
E por fim, Empedócles de Agringento (nascido por volta 495 a.C.) – filósofo, médico, legislador, professor, profeta – concluiu que tudo era formado por quatro elementos, portanto, são essenciais e formam toda a estrutura do mundo.
No entanto, penso que nem todos sabem ou percebem o quanto esses quatros elementos são fundamentais para a Umbanda e para concretização de várias ações magísticas realizadas e ativadas pela Umbanda.
E antes que alguns se espantem pela afirmação de que a Umbanda realiza e ativa ações magísticas. Abro um parêntese para afirmar que todas as religiões manifestam “ações magísticas”.
Magia é a capacidade de transformar, mudar, alterar e modificar energias, situações e vibrações. E como todas as religiões, entre tantas outras coisas, também têm a função de mudar energias, de transformar sentidos, sentimentos e vibrações, de transmutar determinadas condensações magnéticas e modificar formas-pensamentos contrárias a qualquer sentido positivo e divino, são, portanto, magísticas.
O que ocorre é que para algumas religiões, como é o caso da Umbanda, essas ações magísticas são mais visíveis, compreensíveis e assumidas, outras já nem tanto, conseqüentemente, recebem nomenclaturas específicas para que se distancie o máximo possível de qualquer conceito ou referência magística como, por exemplo, fluidificação da água, novena, oração pela libertação, passe energético, corrente de oração. Percebam que todas essas ações têm também a função de transformar, mudar, alterar e modificar energias, situações e vibrações como qualquer ato magístico.
Vale ressaltar que Magia é a “Mãe” de todas as Ciências, pois é a manipulação e transformação da matéria, portanto até no simples ajoelhar para rezar, de acender uma vela, de dar um passe energético, de benzer, de defumar, de bater cabeça, encontramos ações magísticas, afinal  mudamos nossas energias ao manifestar tais atos, não é mesmo?
O caso é que a Umbanda é uma religião que assume claramente sua capacidade de transformação usando potencialmente os quatros elementos, portanto tem grande capacidade de modificar qualquer situação e energia. Não é a toa que os terreiros de Umbanda estão lotados de pessoas necessitando de mudanças drásticas em suas vidas.
O caso é que a Umbanda é uma religião ligada essencialmente à natureza, ou seja, essencialmente aos quatros elementos da natureza, tanto é que os Orixás representam essas forças da Natureza. Assim sendo, Oxum, Iemanjá manifestam energia da água, Ogum e Iansã energia do ar, Xangô e Exu energia do fogo, Obaluayê e Oxossi energia da terra.
O caso é que a Umbanda utiliza ativamente e potencialmente o “Éter vital” ou “Prana” desses elementos da natureza em seus rituais para transformar, transmutar, potencializar, curar, equilibrar qualquer energia.
O fato é que o AR, a TERRA, o FOGO, a ÁGUA são a base de nossa Umbanda, seja nos rituais, nos atos magísticos como manipulação de energias, nas manifestações das Forças naturais dos Orixás, nos assentamentos…
Portanto é importantíssimo saber e entender o que representam esses quatros elementos, assim como atuam, o que significam, o que ativam o que realizam em nós e de que forma.
É importantíssimo que os médiuns umbandistas saibam sobre as forças e os poderes essenciais e vibracionais de cada elemento. É fundamental que saibam como fazer uso de forma adequada, positiva e benéfica desses elementos, assim como, entenderem o que os Guias de Luz estão manipulando e quais suas intenções ao acenderem uma vela (manipulação da energia Fogo), ao borrifarem água (manipulação da energia Água), ao exalarem fumaça do charuto (manipulação da energia Ar), ao colocar as mãos, guias, água no chão (manipulação da energia Terra), ao pedirem uma oferenda em determinados campos de força, entre tantas outras coisas.
Enfim, aproveitem as relações energéticas, magnéticas e vibracionais desses quatros elementos que pontuo abaixo e perceba o quanto a Umbanda tem fundamento, só é preciso Saber Preparar

ÁGUA: A energia da água pode estimular a intuição e ajudar a expressar os sentimentos com mais facilidade. Atua também em questões práticas, como adquirir jogo de cintura em situações complicadas  e vencer a timidez. Elemento que simboliza a Vida, que Alimenta, que ‘lava’ (descarga fluídica) e ‘conduz’ (meio condutor de fluidos). Lida diretamente com as questões EMOCIONAIS. As oferendas feitas  à beira d’água limpam, sutilizam e magnetizam o corpo astral.


FOGO: A vibração do elemento fogo certamente proporciona mais entusiasmo e otimismo. Potencialmente usado para transformar o sentimento de desânimo, para motivar ações, nos momentos de colocar objetivos em prática e ainda aumenta a criatividade e bom humor. Elemento que simboliza o “espírito vivo”, a purificação e a Luz, é energia purificadora e energética. Lida diretamente com as questões do DESTINO. As oferendas feitas perto do fogo como são no caso de fogueiras, queima miasmas, larvas astrais e energiza.

TERRA: Este elemento está ligado às conquistas materiais, à saúde e ao trabalho. Sua influência é ideal a quem busca segurança e determinação, para começar um projeto novo ou procurar emprego. Energia transformadora e curadora. Lida diretamente com as questões do FÍSICO. As oferendas feitas diretamente na terra potencializam o magnetismo mental e a concentração energética fortalecendo a pessoa vibratoriamente.

AR: O elemento ar pode ser ativado para desenvolver a inteligência, o lado racional, a memória e a capacidade verbal e corporal. Energia expansora e movimentadora. Lida diretamente com as questões do MENTAL. As oferendas feitas em campos abertos, ativando a energia do ar, dilatam os sete corpos e deixa a pessoa mais leve e harmonizada.



(Por Mãe Mônica Caraccio)

Pedras e ciladas

A mediunidade, assim como qualquer outro caminho espiritual, é um caminho que deve ser trilhado com passos firmes, discernimento e esforço, para que ele realmente possa ser aproveitado e contribua para o engrandecimento do espírito. Muitas dificuldades assolarão o médium, desde seu desenvolvimento, até o fim de seu mandato mediúnico. Mas não esqueça que são essas pedras e ciladas, verdadeiros professores da escola física.
A pedra da descrença, que testará sua fé e seu amor dentro do mediunismo. Que te ensinará a não esperar por milagres e fenômenos, mas sim, buscar o desenvolvimento interno, a evolução e melhoramento da consciência dentro dos trabalhos mediúnicos.
Essa pedra que muitos atirarão sobre você, e que fará você desenvolver o sorriso e a paciência verdadeira. Mais do que isso, fará você desenvolver confiança em si mesmo e no seu trabalho, passo primordial para o despertar da fé viva. Apenas com a descrença, aprendemos a confiar. Não mais com a mente, mas ouvindo e vivenciando o coração.
 
 “Acredite em seu coração!
Nesse congá interno;
Jacutá lindo e belo,
As flores dos Orixás desabrocharão...” 


A cilada da vaidade, que desmascarará o tolo ego, expondo-o ao ridículo do individualismo.
Mediunidade é um trabalho coletivo, uma ação universal, que visa o Todo, nunca o eu.
É vencendo a vaidade que o médium dá provas de maturidade dentro das lidas de intercâmbio espiritual. É atravessando esse pântano do orgulho humano, que desenvolvemos a simplicidade, qualidade tão negligenciada em dias de materialismo tão ferrenho, onde mais vale o que se vê e o que se tem, do quê, o que se sente e o que se é.
  
“Ego, ego, que quer dominar,
Ego bobo, que a realidade gosta de enfeitar.
Nego véio senta no toco,
Pra simplicidade ensinar.” 

A pedra da crítica maldosa, que lhe mostrará como nossos olhos devem ser bondosos em relação ao semelhante e como palavras duras, impulsionadas pela imaturidade dos sentimentos, podem gerar grandes tristezas.
São as pedradas críticas que lhes farão compreender o valor do respeito em relação ao semelhante.
Tranqüilo, vença essas críticas, não com força bruta, mas com a serenidade de Oxalá. Lembrem-se, elas estão aí para te ensinar.
  
“Limpa os olhos meu filho,
Pra verdade você ver.
Limpa a boca menino,
Pra maldade perecer.” 

A cilada do conhecimento, que se é muito bom e pode acabar com a ignorância, não santifica ninguém.
Conhecimento não é um fim em si mesmo, mas um pequeno passo para a escola da sabedoria.
Quando o conhecimento nos mostra que nada sabemos, faz com que sejamos mais tolerantes com a ignorância alheia e, muito além de ser material teórico, ganha forma prática em nossa vida.
Mas, quando a arrogância faz morada nas palavras e a soberba nas posturas diárias, então o conhecimento será um grande empecilho para a realização espiritual.
  
 “Aprender, estudar e conhecer,
Trilhar o caminho com valentia...
Mas afinal, que livro poderá conter,
A divina e verdadeira sabedoria?” 

A pedra da ingratidão, que nos ensina o serviço desinteressado em recompensas, o agir pelo bem, puro e simples. A mediunidade é um milagre, uma dádiva amorosa dos Orixás, mas que não premia ninguém. O trabalho mediúnico é abnegação, desprendimento, altruísmo, caridade, mas não é uma cruz a ser carregada, ou uma missão sofrida.
O mediunato deve ser cumprido com um sorriso alegre e uma expressão de felicidade no rosto. Ele é uma dádiva. Nada se ganha com ele, mas ele faz um bem danado!

"Trabalhar, trabalhar e trabalhar...
Sorrir, sorrir e sorrir...
O que mais você quer?
O que mais a mediunidade pode lhe dar?"

A cilada do lobo, disfarçado em pele de cordeiro. A negação da sombra psicológica, com posturas superficiais. O falso pregar, o agir hipócrita e doentio. Lembrem-se: Toda palavra que sair da sua boca, deve ganhar forma em sua vida. Caso contrário ela não tem razão de ser. É uma pérola jogada fora.
 “Palavras e palavras...
Todas jogadas ao vento.
Mais vale as ações concretas,
Tomadas no meio do silêncio.” 

Muitas outras pedras serão atiradas, ou vocês mesmos atirarão no semelhante. Mas são dessas ações imaturas que nascerá a reflexão séria que leva a maturidade. Não se julgue mal e perdoe seu irmão de jornada. A mão que atira a pedra é a mesma que lhe ensina. Já quando for a sua mão a criminosa, pense por mil vezes a respeito disso. Nesse caso, é o alvo que lhe ensina.
Ciladas, também serão constantes. Algumas tentadoras, outras misteriosas, mas todas perecíveis à luz do coração. Ele é seu guia. Acenda-o e guia-te pelos caminhos tortuosos da Terra. No amparo espiritual estará sua maior força. Confie, ore, vigie e acredite!

 "Pedras e ciladas não faltarão!
Mas é na dificuldade,
Que aprendemos a ouvir o coração... ”
 
(Pai Antônio de Aruanda – Mensagem recebida por Fernando Sepe em 22 de novembro de 2006.)

Metáfora das mochilas

Recentemente ouvi uma metáfora sobre o comportamento humano muito interessante, que era mais ou menos assim:
“O ser humano caminha pelo mundo sempre em fila indiana. Carrega em sua jornada duas mochilas, uma na frente e outra em suas costas. Na da frente leva suas virtudes e qualidades e mantém seus olhos atentos a elas, na das costas leva seus defeitos e dificuldades. Carrega suas virtudes bem próximas ao peito, enquanto observa os defeitos e dificuldades do outro a sua frente, sem se dar conta que aquele que vem atrás, pensa o mesmo dele”.
Este pequeno texto foi encaminhado por e-mail e o autor eu desconheço, mas achei que poderíamos a partir desta cena convidá-los a continuar desenvolvendo essa metáfora, sendo que talvez ela nos seja útil para entendermos alguns dos nossos comportamentos.
Essas mochilas fazem parte de nós. Durante nosso desenvolvimento emocional alimentamos nossas mochilas com nossos conhecimentos e desconhecimentos de nós mesmos. As confirmações e negativas às quais somos submetidos todo o tempo, vão carregando-as, ora a da frente, ora a de trás. Elas são responsáveis, entre outras coisas, por nossa auto percepção, segurança interna e auto estima que influenciam e moldam nossas propostas de relação.
Realmente trazemos dentro de nós esta difícil equação. Como nos relacionarmos de forma positiva e saudável, sem enaltecermos demasiadamente as nossas qualidades, e nem negá-las ou envergonhar-se delas? A busca pela saúde emocional nos leva a andar simplesmente, ora lado a lado, ora em nossa velha fila indiana, ora alternadamente, buscando relações simétricas e algumas vezes complementares, mas tentando olhar e aceitar nossas diferenças e similaridades que regem a intensidade do ser humano.
Quanto às dificuldades e defeitos, continuaremos a observá-los e a carregá-los, mesmo que andemos lado a lado. Precisamos de nossas mochilas traseiras para contrabalançar o peso que carregamos, mantendo nossas costas eretas e retas. Quando valorizamos demais nossas virtudes e nos cegamos aos nossos defeitos, tornamos nossa mochila da frente muito pesada o que obriga nosso corpo a dobrar-se para frente e impede que vejamos com clareza nosso objetivo. Como conseqüência, passamos a observar e a valorizar atentamente cada pedra de nosso caminho, já que estamos totalmente inclinados e com nossa atenção voltada às pedras. Estas seriam comparadas aos sentimentos de inveja que atraímos para nós.
Se carregarmos demais nossa mochila das costas, exacerbando nossos defeitos e dificuldades, forçamo-nos a olhar para o céu, buscando um ideal, uma perfeição. Como resultado, nos cegamos com o excesso de luz, perdendo o referencial de quem somos e do que é possível e desejado, e ficamos apenas com a lembrança de quem gostaríamos de não ser (nós mesmos). A insatisfação, nos torna rígida e exigente, donos de uma autocrítica implacável e na maioria das vezes surge uma imensa solidão como resultado.
Engana-se aquele que acredita que a saída está em negar a mochila das costas, pois não temos como descartá-la, ela faz parte de nós. Engana-se também quem acredita que a solução seja completar a mochila da frente, pois ela se tornará pesada demais e o resultado já conhecemos.
Talvez a saída esteja no entendimento que temos sobre o conteúdo de nossas mochilas, as duas faces de tudo, bem e mal intercalados e complementares. Aprender com nossos defeitos e dificuldades, conhecendo-os primeiramente, ou seja, passando-os da mochila de trás para a da frente, transformando-os em características e aceitando o seu lado positivo, é o movimento essencial do autoconhecimento. No começo pode tratar-se de uma jornada difícil, pois alguns passos parecem mais cansados e pesados, mas aprimorando nosso processo descobrimos que o que entendíamos como defeitos são velhos e conhecidos resultados presentes em muitos de nossa fila indiana.

E aí, como se encontram as suas mochilas?


(enviado por: Alexandre Yamazaki)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Almas perfumadas

Tem momentos que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Nessas horas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. A gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem momentos que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Tem momentos que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu. Nestes momentos a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. A gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Tocando com os olhos os olhos da paz.
Tem momentos que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não larga. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. A gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Assim é a linha de Erês, a Linha das Crianças da Umbanda (*), composta por Entidades iluminadas, por espíritos que se plasmam e que se “vestem” como crianças para gerar a energia de alegria, pureza, doçura e irmandade, qualidades que muitas vezes estão distantes do mundo dos adultos, dos sérios e responsáveis.
Na UMBANDA são grandes renovadores de nossos sentimentos, amparados pela irradiação de Oxum e seu imenso Amor.
Crianças, Erês, Ibejadas trabalham com tanta força, com tanta pureza e simplicidade, que uma “simples” bala imantada por eles suaviza nossa alma e adoça nossa vida.
Não devemos subestimar essa Linha de Trabalho ou julgar a forma que se apresentam, são espíritos elevados que brincam trabalhando e trabalham brincando.
Ao lado deles, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

(Adpatação do texto da autora : Ana Jacomo) 
(*por:  Mãe Mônica Caraccio)

Imagine um abraço fraterno em 360 graus


Imagine uma vela acesa com Fé gerando mais energia que uma usina nuclear.
Imagine Divindades, Anjos, Santos, Sábios, Magos, Gênios, Sacerdotes, Xamãs, Babalaôs, Pajés, Iogues, Iniciados, Cientistas, Curadores,
Trabalhadores da Caridade de todas as épocas e culturas voltando à Terra para restaurar a Paz e a Lei Maior.
Imagine a última peça que falta no milenar “quebra-cabeça” que compõe a sua Alma.
Imagine traumas, neuroses, fobias, vírus e bactérias físicas e astrais sendo dissolvidos na baforada de um cachimbo.
Imagine a Pemba traçando e reproduzindo os Códigos Sagrados da Criação.
Imagine o padê de Exu promovendo a harmonia entre Luz e Trevas.

Imagine o médium descalço vestido de branco iluminando-se por dentro.
Imagine o consulente confortado e esclarecido subindo mais um degrau evolutivo.
Imagine o Homem servindo a Natureza e a Natureza servindo o Homem.
Imagine o sal das lágrimas misturando-se ao sal do Mar, Ventre de Yemanjá.
Imagine a flecha certeira de Oxossi alinhando Razão, Emoção e Ação.
Imagine a espada de Ogum abrindo caminho no cipoal das ilusões humanas.
Imagine o machado de Xangô aparando as arestas do carma Planetário.
Imagine Oxalá retirando os espinhos de teu coração e Oxum cobrindo com mel teus ferimentos.
Agora, deixe de imaginar...
Pois tudo isso não é sonho, é realidade vivida e sentida
A toda hora, todo dia, ao som de um belo ponto cantado
No abraço do Caboclo,
No toque do Preto Velho,
Na brincadeira da Criança,
No olhar do Exu Guardião,
No sorriso do Baiano,
No balanço do Marinheiro,
No encanto da Cigana,
Na ginga do Malandro,
No laço do Boiadeiro...

...meu Filho: ISSO É UMBANDA!

Mensagem do Caboclo Yguaratan recebida espiritualmente pelo médium Vanderlei Alves (Tenda de Umbanda do Caboclo Estrela do Mar) em 01/12/2010.

Prece para Deus

Que Deus ouça as preces que lhe dirijo quando estou mansidão e ternura. Quando estou contemplação e respeito. Quando as palavras fluem, sem esforço algum, sem ensaio algum, articuladas e belas, do lugar em mim onde eu e ele nos encontramos e brincamos de roda. Quando nelas incluo as pessoas que têm nome e aquelas que desconheço existirem. E os meus amores. E os meus desafetos. E os bichos. E as plantas. E os mares. E as estrelas.

Que Deus ouça as preces que lhe dirijo quando o medo me acompanha sem que a coragem se ausente. Quando as coisas seguem o seu rumo sem que eu me preocupe em demasia com o destino desse movimento. Quando eu me sinto conectada com o amor e reverente à vida. Quando as lágrimas nascem apenas de um alegre e comovido sentimento de gratidão. Quando caminho com a rara confiança que só as crianças que ainda não doem costumam experimentar, já que, infelizmente, algumas começam a doer muito cedo.

Que Deus ouça as preces que lhe dirijo quando sou capaz de pressentir o sol mesmo atravessando uma longa noite escura. Quando posso cruzar desertos com a clara convicção de que a vida não é feita somente deles. Quando consigo olhar para todas as experiências, sem que aquelas que me desconcertam me impeçam de valorizar as que me encantam. Quando as tristezas que repentinamente me encontram não atrapalham a certeza da sua impermanência.

Que Deus ouça as preces que lhe dirijo quando amanheço revigorada e anoiteço tranqüila. Quando consigo manter uma relação mais gentil com as lembranças difíceis que, às vezes, ainda me assombram. Quando posso desfrutar do contentamento mesmo sabendo que existem problemas que aguardam eu me entender com eles. Quando não peço nada além de força para prosseguir, por acreditar que, fortalecida, eu posso o que quiser, em Deus.

Mas eu desejo, profundamente, que Deus também ouça as preces que lhe dirijo quando eu não consigo elaborar prece alguma. Quando a dor é tão grande que minha fala não passa de um emaranhado de palavras confusas e desconexas que desenham um troço que nem eu entendo. Quando o medo me paralisa e perturba de tal forma que eu me encolho diante da vida feito um bicho acuado. Quando me enredo nas minhas emoções com tanta confusão que parece que aquele tempo não vai mais passar.

Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando só consigo chorar e, mesmo depois de já ter chorado muito, tenho a sensação de ainda não ter chorado tudo. Quando me sinto exaurida e me entrego a esse cansaço completamente esquecida dos meus recursos. Há momentos em que a gente parece ignorar tudo o que pode nos ajudar a lidar melhor com os desafios. Há momentos, ainda, em que a gente se confunde sobre o local onde, de verdade, os desafios começam.

Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando me parece que eu não acredito em mais nada. Quando sou incapaz de ver qualquer coisa além do foco onde coloco a minha dor. Quando não consigo articular meus pensamentos nem entrar em contato com alguma doçura que me faça lembrar das coisas que realmente nos movem. Quando não lhe dirijo nenhuma prece. Nem com palavras. Nem com um sorriso enternecido quando dou de cara com uma flor. Com um pôr-do-sol. Com uma criança. Com uma lua cheia. Com o cheiro do mar. Com o riso bom de um amigo. Que ele me ouça com o seu ouvido amoroso e me acolha no seu coração, porque é exatamente nesses momentos que eu não consigo ouvi-lo em mim.
(autora: Ana Jácomo)

O encanto dos Orixás


Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.
O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.
O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento incessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso país criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe-Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteísmo, mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.
A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.
Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York, que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos, elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título: O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Álvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T.S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.
Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem, também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.
Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas
(autor: Leonardo Boff)