A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.
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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Oração dos doze Ministros de Xangô



Salve São Jerônimo, São João e São José!
Saravá meu pai Xangô grande Orixá, rei da justiça.
Senhor do trovão olhai por mim no poder desta reza.
Pai bondoso, poderoso e  justiceiro,
Peça aos teus Doze Ministros por mim,
para que me absolva no seu grande tribunal do céu e da terra.
Doze pedras sustentam tua coroa no mais alto dos penhascos
que pai Zambi te deu.
Olhai por mim, meu pai.
Tu és um orixá que reina no céu e na terra.
Eu peço pela minha saúde
Eu peço vitória em tudo que eu queira e mereça.
Eu peço perdão pelas minhas faltas
Eu peço Amor, e que ele nunca me falte,
que eu possa também levar amor a quem não tem.
Eu peço justiça e que ela seja feita conforme sua vontade
Eu peço coragem na luta para nunca fugir dela.
Eu peço sabedoria nas decisões.
Eu peço autoridade para mandar pra longe de mim os inimigos.
Eu peço fartura na minha vida e na minha casa.
Eu peço verdade a qualquer custo.
Eu peço união com os meus e a todos que estejam do meu lado.
Eu peço a Misericórdia de Xangô,
assim estarei protegido e guardado pelo poder,
pela Luz e pela Glória do senhor da Justiça.

Kaô Cabecile!Meu Pai Xangô.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Xangô



Xangô é o Orixá da Justiça e do Equilíbrio; Senhor do fogo, dos trovões e das pedreiras. Não cede nem à flexão e nem à pressão, é rígido e estável como as rochas, julga de forma severa, mas sem precipitação e finalmente estabelece a ordem tranqüilizadora. Devemos estar preparados e conscientes ao pedir Justiça a Xangô, pois ela será feita, mas não a justiça dos homens e sim a Justiça Divina.
É mais comumente sincretizado com São João Batista, que comemoramos em 24 de junho. Suas cores são o marrom, o vermelho ou o cinza; seus símbolos são o machado de dois cortes que remete à imparcialidade, a balança que está ligada à justiça e a estrela de seis pontas que representa o equilíbrio; suas pedras são o olho de tigre e a pedra do sol. Na pedreira, com Iansã, Xangô nos traz o arrojo, a determinação, a fortaleza, a segurança, a firmeza e a sustentação. Na cachoeira, com Oxum, Xangô nos purifica nos energiza, nos dá vida, vigor, saúde e inteligência.

"Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi Xangô Obá Kossô!" 
(Vamos todos ver e saudar Xangô, o Rei de Kossô!).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Adaptação livre do Sermão da Sexagésima.


O que vou falar com vocês é profundo e requer humildade e sabedoria para o entendimento, mas é preciso saber que se apenas uma pessoa compreender, o mundo já será melhor.
Todos estão aqui para aprender, seja o médium, o assistido ou mesmo as entidades. Cada um de nós aqui está em um nível de evolução diferente, mas estamos todos aprendendo.
Ao médium e ao mentor cabe a explicação, mas ao ouvinte cabe o entendimento e só a Deus cabe a Graça.
A explicação é o trigo que para germinar precisa de terra boa. O trigo é o alimento. Mas é preciso aprender com a natureza que tem tempo para as flores, e tempo para os frutos. A vida é feita de verão e primavera, mas também acolhe outono e inverno.
Muitas vezes não entendemos porque estamos passando por determinada experiência, mas os outonos e invernos são necessários porque as flores brotam, mas muitas vão murchar, outras vão cair, outras irão secar, o vento vai levar, e algumas irão frutificar.
O fruto é como o trigo germinado: é a palavra, o alimento. Alguns trigos cairão em pedras, outros cairão em espinhos, outros serão pisados pelo caminho, apenas alguns cairão na terra fértil.
As pedras, o caminho, os espinhos, a terra são os diversos corações dos homens.
Os espinhos são os corações embaraçados com riquezas e delicias. A palavra ai se afoga.
As pedras são os corações duros e obstinados. Nestes corações seca-se a palavra.
Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a passagem e o tropel das coisas do mundo. Nestes corações a palavra será pisada e desprezada.
A terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração. Nestes a palavra prende e frutifica com fecundidade e abundancia.
Se o trigo não frutifica a culpa é nossa que não mudamos nossos pensamentos.
Deus está pronto da sua parte, com o sol para alumiar e esquentar, a chuva para regar e amolecer. Mas isso só é possível se os nossos corações permitirem.
Deus dá o sol e a chuva para todos. Cabe a cada um a escolha do que fará com essas bênçãos.
E lembrem-se:
Os ouvintes de entendimentos agudos querem apenas galanteios e elogios. Querem ver os seus problemas solucionados rapidamente.
Os ouvintes com vontades endurecidas não mudam, mas pensam que tudo deve melhorar apesar de sua relutância em aceitar a verdade.
Eu posso falar e falar, mas se não conseguir semear o coração de vocês nenhuma mudança ocorrerá.
As entidades, não devem prometer melhoras para a vida de ninguém se não conseguirem tocar os corações.
As mudanças devem vir dos corações. Assim o coração espinhoso ou duro se amolece e passa a compreender a palavra. Porque ele vê a mudança. E não apenas ouve.
O bom semeador joga sua palavra não para resolver, mas para acertar o coração. Ele ensina a semear e não entrega o fruto pronto. O bom semeador consola e ajuda a erguer a pessoa, mas depois que ela já está de pé, está na hora de ensinar a andar, ensinar a pensar, ensinar a mudar.
Saibam que o bom guia ensina como proceder, mas não promete milagres e nem deixa seu ouvinte amarrado a si. Os médiuns e as entidades são partes de Deus, mas não são Deus. Então, sozinhas não fazem nada.
Lembrem-se todos que somos uma corrente e apenas Deus merece as glorias do que se conquista aqui. Apenas ele. Quando você alcançar alguma bênção, primeiro agradeça aos seus ouvidos que ouviram com o coração. Depois agradeça a Deus. Permita-se conhecer a todos da corrente. Não se fixe em um só, cada um tem um conhecimento que merece ser ouvido. Ouça o que cada um tem a dizer.
Sabemos que é preciso entrar em batalha com os vícios, mas armas alheias, ainda que sejam as das entidades, a ninguém dão vitória. A entidade clareia suas idéias, mas o que é dito não pode ficar apenas nos ouvidos. É preciso que atinja a cabeça e o coração. O que sai da boca pode parar nos ouvidos, o que nasce do juízo penetra e convence o entendimento.
Quando o ouvinte a cada palavra ouvida treme; quando cada palavra é um torcedor para o coração; quando o ouvinte vai embora confuso e atônito, então é a preparação qual convém, para que se faça fruto.
Não queremos que vocês saiam contentes de nós, não que lhes pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhes pareçam mal os seus costumes, as suas formas de pensar, os seus passatempos, as suas ambições e, enfim assim haverá mudança, vinda de dentro de vocês.
Vejam um exemplo: olhos, espelho e luz.
Se você tem espelho e é cego, não pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Pode acontecer de ter olhos e luz e não ter espelho.
Logo, para um ser olhar em si e ver-se a si mesmo é preciso luz, espelho e olhos.
O centro com os médiuns e os guias, mentores ou entidades concorrem com o espelho que é a palavra; Deus concorre com a luz que é a graça da mudança; o ser concorre com os olhos que é o conhecimento de si e do mundo.
Médiuns sejam espelhos da palavra de Deus, mas cuidado com a soberba, o ódio, as ambições, a inveja, a cobiça. Lembrem-se, na verdade vocês são apenas condutores. Quem tem que mudar quem tem que querer quem tem que ter fé é a pessoa que veio nos procurar.
Seres que aqui vem em busca de luz sejam olhos do conhecimento de Deus, mas cuidado com a soberba, o ódio, as ambições, a inveja, a cobiça.
E a vaidade? Cuidado com a Vaidade que está sempre viva em um elogio, em um olhar de admiração. A vaidade é ilusória e acaba com qualquer tentativa de iluminação.
Sejamos sábios buscando a Deus acima de todas as coisas.


De: Padre António Vieira pregado na Capela Real, no ano de 1655.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pedras e ciladas

A mediunidade, assim como qualquer outro caminho espiritual, é um caminho que deve ser trilhado com passos firmes, discernimento e esforço, para que ele realmente possa ser aproveitado e contribua para o engrandecimento do espírito. Muitas dificuldades assolarão o médium, desde seu desenvolvimento, até o fim de seu mandato mediúnico. Mas não esqueça que são essas pedras e ciladas, verdadeiros professores da escola física.
A pedra da descrença, que testará sua fé e seu amor dentro do mediunismo. Que te ensinará a não esperar por milagres e fenômenos, mas sim, buscar o desenvolvimento interno, a evolução e melhoramento da consciência dentro dos trabalhos mediúnicos.
Essa pedra que muitos atirarão sobre você, e que fará você desenvolver o sorriso e a paciência verdadeira. Mais do que isso, fará você desenvolver confiança em si mesmo e no seu trabalho, passo primordial para o despertar da fé viva. Apenas com a descrença, aprendemos a confiar. Não mais com a mente, mas ouvindo e vivenciando o coração.
 
 “Acredite em seu coração!
Nesse congá interno;
Jacutá lindo e belo,
As flores dos Orixás desabrocharão...” 


A cilada da vaidade, que desmascarará o tolo ego, expondo-o ao ridículo do individualismo.
Mediunidade é um trabalho coletivo, uma ação universal, que visa o Todo, nunca o eu.
É vencendo a vaidade que o médium dá provas de maturidade dentro das lidas de intercâmbio espiritual. É atravessando esse pântano do orgulho humano, que desenvolvemos a simplicidade, qualidade tão negligenciada em dias de materialismo tão ferrenho, onde mais vale o que se vê e o que se tem, do quê, o que se sente e o que se é.
  
“Ego, ego, que quer dominar,
Ego bobo, que a realidade gosta de enfeitar.
Nego véio senta no toco,
Pra simplicidade ensinar.” 

A pedra da crítica maldosa, que lhe mostrará como nossos olhos devem ser bondosos em relação ao semelhante e como palavras duras, impulsionadas pela imaturidade dos sentimentos, podem gerar grandes tristezas.
São as pedradas críticas que lhes farão compreender o valor do respeito em relação ao semelhante.
Tranqüilo, vença essas críticas, não com força bruta, mas com a serenidade de Oxalá. Lembrem-se, elas estão aí para te ensinar.
  
“Limpa os olhos meu filho,
Pra verdade você ver.
Limpa a boca menino,
Pra maldade perecer.” 

A cilada do conhecimento, que se é muito bom e pode acabar com a ignorância, não santifica ninguém.
Conhecimento não é um fim em si mesmo, mas um pequeno passo para a escola da sabedoria.
Quando o conhecimento nos mostra que nada sabemos, faz com que sejamos mais tolerantes com a ignorância alheia e, muito além de ser material teórico, ganha forma prática em nossa vida.
Mas, quando a arrogância faz morada nas palavras e a soberba nas posturas diárias, então o conhecimento será um grande empecilho para a realização espiritual.
  
 “Aprender, estudar e conhecer,
Trilhar o caminho com valentia...
Mas afinal, que livro poderá conter,
A divina e verdadeira sabedoria?” 

A pedra da ingratidão, que nos ensina o serviço desinteressado em recompensas, o agir pelo bem, puro e simples. A mediunidade é um milagre, uma dádiva amorosa dos Orixás, mas que não premia ninguém. O trabalho mediúnico é abnegação, desprendimento, altruísmo, caridade, mas não é uma cruz a ser carregada, ou uma missão sofrida.
O mediunato deve ser cumprido com um sorriso alegre e uma expressão de felicidade no rosto. Ele é uma dádiva. Nada se ganha com ele, mas ele faz um bem danado!

"Trabalhar, trabalhar e trabalhar...
Sorrir, sorrir e sorrir...
O que mais você quer?
O que mais a mediunidade pode lhe dar?"

A cilada do lobo, disfarçado em pele de cordeiro. A negação da sombra psicológica, com posturas superficiais. O falso pregar, o agir hipócrita e doentio. Lembrem-se: Toda palavra que sair da sua boca, deve ganhar forma em sua vida. Caso contrário ela não tem razão de ser. É uma pérola jogada fora.
 “Palavras e palavras...
Todas jogadas ao vento.
Mais vale as ações concretas,
Tomadas no meio do silêncio.” 

Muitas outras pedras serão atiradas, ou vocês mesmos atirarão no semelhante. Mas são dessas ações imaturas que nascerá a reflexão séria que leva a maturidade. Não se julgue mal e perdoe seu irmão de jornada. A mão que atira a pedra é a mesma que lhe ensina. Já quando for a sua mão a criminosa, pense por mil vezes a respeito disso. Nesse caso, é o alvo que lhe ensina.
Ciladas, também serão constantes. Algumas tentadoras, outras misteriosas, mas todas perecíveis à luz do coração. Ele é seu guia. Acenda-o e guia-te pelos caminhos tortuosos da Terra. No amparo espiritual estará sua maior força. Confie, ore, vigie e acredite!

 "Pedras e ciladas não faltarão!
Mas é na dificuldade,
Que aprendemos a ouvir o coração... ”
 
(Pai Antônio de Aruanda – Mensagem recebida por Fernando Sepe em 22 de novembro de 2006.)