A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Um pedido aos orixás



Quero a calma de Oxalá, para os dias que mesmo tendo a meiguice de Oxum, eu tenha dificuldades para conquistar a riqueza de Oxumarê.
Mas quero que, com a valentia de Iansã, a bravura de Ogum, no calor de Egunitá, eu consiga obter a razão de Xangô para ter a coragem de Obá e vencer todos os obstáculos.
Quero também a liberdade de Oxossi, junto à sabedoria de Nanã para que com a prudência de Obaluaie eu tenha a fertilidade de Iemanjá nos meus caminhos.
Para isso eu quero a firmeza de Omulu e a espiritualidade de Ewá, que trarão a magia de Ossaim para que com a elegância de Logunedé eu não me desvie do meu destino.
E tendo a intuição de Ifá, a gargalhada de Exu e a traquinagem de Exu Mirim eu usarei a sedução das Pombas Giras para me livrar dos inimigos.
Então tendo a alegria dos Erês e a humildade dos Pretos Velhos eu posso “pensar” em um dia querer a perfeição dos Caboclos.
Mas nada disso eu posso querer sem agradecer a Olorum por minha vida e por tudo o que já me foi dado e então dividir esse querer com todos os meus amigos conquistados.
Para assim juntos pedirmos Tempo ao Tempo para distribuirmos todo o amor que dentro de nós está guardado.

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