A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

XANGÔ



Xangô nosso orixá
Senhor das pedreiras
Senhor da justiça divina
Malei me nosso pai
Possamos aceitar sua justiça
Que sabemos será sempre a mais justa
Amparai-nos na descida
Elevai-nos na ascensão
Permita podermos andar
Sobre as pedras em nossos caminhos
Permita podermos ser justos e
Imparciais como sua justiça o é
Permita purificarmos nossos pensamentos
Em seu fogo divino e renascer
Renovados em sua fé
Dai-nos forças para aceitar e
Seguir suas determinações
Cao cabecilê

Diante de vossa presença
Ouço um brado ecoar
Sinto a terra a tremular
Em reverência, estou a lhe rogar
Sabedoria para não julgar
Razão para me equilibrar
Diante de vossa presença
As nuvens estão a se curvar
As águas correm tranqüilas
Seguindo o curso do mar
Vejo refletida, a beleza do luar
E a sensatez de meu pensar
Que o senhor possa alinhar
Minha mente, minha vida
E seu fogo purificar

A estrela de oito pontas
Seja a guia de meu breve caminhar
Sua luz esteja a me iluminar
Xangô, orixá do fogo e da razão
Seu machado bate forte no chão
Seguindo sua determinação
Com a lei a se firmar
Justiça seja feita diante de seu olhar
Obrigada, meu pai Xangô


por João Carlos Ventura
 

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