A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Destino.

O que fazer da vida? Uma pergunta que teima em não se calar. Fazer isso ou aquilo? O que é mais produtivo? Afinal, tempo é ouro. Estas perguntas têm respostas, é verdade. As escolhas, afinal de contas, determinam o direcionamento das nossas vidas. Portanto, é fundamental fazer escolhas acertadas. O destino que damos às nossas vidas corre dentro de nós. As escolhas dependem do grau de compromisso que temos da vida. Se formos mais conscientes de nossas responsabilidades fica tudo mais fácil, mas se ainda não despertamos para elas, fica tudo uma confusão indefinível. O que fazer, então? Procurar a Deus penso eu. 
Mas o que significa procurar a Deus? Significa procurar a si mesmo, eis o mistério a ser desvendado por todos os homens.
Quando procuramos a Deus procuramos, no fundo, a nós mesmos, porque a nossa essência, sendo divina, possibilita um desabrochar de oportunidades nas nossas vidas. A vida se revela de mil faces, eu bem o sei, mas a face divina é uma só, não tem outra. A face divina é nossa face real, é a face verdadeira e ela se revela desde as pequenas até as grandes, basta estar atendo para enxergá-las. Tudo tem o seu sentido, tudo possui uma ligação a nos ensinar, se estivermos verdadeiramente atentos a elas.
O que fazer então? Está resguardado às questões interiores, refletir sobre a vida constantemente. Santo Agostinho, o bom santo de Deus, fazia isto como um exercício da própria vida. Auscultar-se intimamente é remédio eficaz para transformar quaisquer dificuldades que nos atormenta. A resposta para todos os nossos problemas não está nos outros nem em nenhum outro lugar, está dentro de nós mesmos. A saída, portanto, para as maiores dificuldades não será encontrada num comprimido milagroso ou numa erva mágica. Muita gente acredita que para ter acesso para um bem melhor, necessita fazer uso destes recursos, isso é uma ilusão sem fim. E o pior é que isso prende o sujeito, deixa ele refém de si mesmo, de sua necessidade de injetar um algo a mais para se libertar. E essa é a mentira que ele aceita e  complica a vida inteira. Libertar-se da própria ilusão é desafio diário e pra quem faz isso, sem uso de qualquer artefato, já é um ser feliz que auto se encontrou.
Meus caríssimos irmãos, a vida é assim, é um correr para encontrar o nosso próprio destino. Destino traçado por nós mesmos, noutra esfera do existir e que teimamos, muitas vezes, em não querer aceitá-lo. É bem verdade que o esquecemos em nível consciente, mas existe uma luzinha que não pára de piscar a nos alertar, intuitivamente, quando não estamos pelo caminho certo. É assim que se passa a vida, por isso a preocupação de estarmos atentos ao nosso campo íntimo, escutar o que fala profundo o coração, o coração de Deus em nós.
Quando descobrimos verdadeiramente ouvir o coração, quando efetivamente descobrimos o Deus maior que habita em nós , deixaremos  de ter as dúvidas comuns e agiremos mais conscientes de nossos atos, e a vida será mais tranqüila, num ritmo mais adequado. Enquanto isso não acontece, aprendamos com cada coisa o que ela tem a nos ensinar, e a vida encontrará o seu caminho de paz.
Sejamos como Jesus, o nosso Irmão Maior, e a vida transcorrerá em céu de brigadeiro*. Sem nuvens aterrorizantes e, atentos às tempestades transitórias, haveremos de pilotar a vida com a segurança de estarmos sendo guiados por Deus.

* a expressão “voar em céu de brigadeiro” é usada pelos profissionais da aeronáutica para  dizer que a viagem transcorreu sem problemas.

Livro “NOVAS UTOPIAS” pelo espírito Dom Helder Câmara
Através de Carlos Pereira

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