A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Encerramento



Mais um ano se foi e com ele nosso encerramento agradecendo aos Orixás todas as bençãos alcançadas e os caminhos percorridos.

Tema do encerramento o Tsuru é uma ave da família das cegonhas, nativa do Japão.

Ninguém sabe desde quando existia uma lenda no Japão segundo a qual, aquele que fizesse mil tsurus de origami teria um pedido atendido pelos deuses. Mas essa lenda ficou mundialmente conhecida com a triste história de uma garotinha chamada Sadako.

Sadako nasceu em Hiroshima e tinha apenas dois anos de idade quando lançaram a bomba atômica sobre a cidade. Mas durante a fuga, eles foram encharcados pela chuva negra radioativa que caiu sobre Hiroshima ao longo daquele dia fatídico.

Aos doze anos Sadako foi diagnosticada com leucemia.

Sua melhor amiga ao visita-la no hospital presenteou Sadako com um tsuru, contando-lhe a lenda dos mil tsurus de origami.

Sadako decidiu fazer os mil tsurus, desejando a sua recuperação.

Em dado momento ela compreendeu que sua doença era fruto da guerra e mais do que desejar apenas a sua própria cura, ela desejou a paz para toda a humanidade, para que nenhuma criança mais sofresse pelas guerras.

Ela não conseguiu terminar o tsuru... faleceu antes.

Então quando eu ganhei de um amigo aquele galho maravilhoso coberto de tsurus eu compreendi qual deveria ser o tema deste encerramento.

Paz no mundo. Paz nos nossos corações. Este é o nosso grito. Essa é nossa oração. E só existe paz quando não existe intolerância. Quando reconhecemos nossas limitações e agradecemos por nossa vida todos os dias.

Certamente foi doloroso para Sadako aceitar a própria morte com apenas doze anos de idade, mas deixou um exemplo para a posteridade, num gesto poderoso de devoção e amor ao próximo. Dias bons trazem felicidade, mas dias ruins trazem sabedoria.

Não sabemos se viveremos 10, 20 30, 90 anos. Mas temos o dever de ser felizes, porque acordar já é uma benção.

Todos os dias temos algo por aprender, algo por esquecer, mas principalmente muitas coisas para agradecer...

Ser feliz nem sempre vai te fazer grato, mas ser grato vai te fazer feliz. Porque felicidade não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Nós somos gratos por vocês que nos acompanham. Somos gratos pela vida. Pela nossa família, por todos os nossos dias de felicidade e de sabedoria. Somos gratos por poder ter essa oportunidade de evoluir e dividir essa evolução com vocês.

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