A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

sábado, 19 de julho de 2014

As Flores da Umbanda

Na Umbanda o uso das flores é muito importante.
Todo evento da criação da Umbanda, pelo médium Zélio de Morais em 1908, começou com ele levantando, no meio de uma sessão espírita e falando: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.
Desde o início da humanidade, as flores foram associadas com o Sol, por se voltarem para ele, e, assim como ele dissiparem a escuridão, simbolizando a energia vital, o final do inverno e a vitória sobre a morte. O Lírio de Oxum por exemplo, segundo a mitologia antiga, teria nascido do leite de Hera, que gotejava na Terra no mesmo tempo em que era criada a Via Láctea. Outra lenda diz que o perfume dos lírios espanta serpentes e por parecer com um cetro aparecem em muitos brasões de famílias da Europa antiga.
De todas as flores talvez a que mais tenha poder em nosso espírito seja a rosa. Na antiguidade, esta flor remonta o mito de Adônis, o amado de Afrodite, de cujo sangue teriam brotado as primeiras rosas, assim se tornaram símbolo do renascimento e do amor que sobrevive a morte.
No século I a.C. os romanos faziam uma Festa das Rosas em homenagem a seus mortos, e até hoje na Itália o domingo de Pentecostes é considerada a "Páscoa das Rosas".
Em contraposição no culto a Dionísio, deus do Vinho, era comum as pessoas se coroarem de rosas, pois acreditavam que abrandava o calor da bebida e impedia que alcoolizados contassem seus segredos, por este motivo ela se tornou também símbolo da reserva e da discrição. Assim esta flor começou a ser desenhada em cima dos confessionários - "sub-rosa", ou seja, sob o signo do silêncio e da discrição. Na iconografia eclesiástica tornaram-na a "Rainha das Flores" simbolo da rainha celeste, Maria.
Enquanto as rosas vermelhas representam desde os primórdios o amor terreno, as brancas são relatadas em sagas e lendas como a flor que simboliza a morte. Os alquimistas viam nas rosas brancas e vermelhas o sistema dualístico com elementos dos dois princípios originários: o enxofre e o mercúrio. A rosa vermelha também é considerada nas tradições antigas, um símbolo de honra nas guerras para os oficiais do exército-em especial os romanos- pois Marte (deus da guerra) teria nascido de uma rosa.
Uma gira de umbanda tem o formato de uma flor, onde o veio principal de energia - o caule - vem do congá. São muitas as flores de Umbanda, as que representam a sabedoria, a discrição como os pretos e as pretas velhas, a vitalidade e a batalha diária pela vida como os caboclos, a alegria das cores da existência como as flores das crianças, ciganas e boiadeiros, e dos necessários resgates como os das pomba-giras.
Na minha opinião ainda de aprendiz, talvez a mais importante flor que exista na Umbanda seja a que floresce no coração do médium, que deve ser sempre cuidada com verdade, amor, caridade e consciência de que nosso invólucro é provisório, porque é dela que virá o perfume que envolverá outros em seu caminhar. Saravá!

Enviado pelo CUCA
(Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda)  
                                                                 

Nenhum comentário:

Postar um comentário