A água, o fogo, a terra e o ar pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a terra - e alimentarei suas raízes. Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste. Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta. Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha. Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Tal como a flor do lótus cresce da escuridão do lodo para a superfície da água, abrindo suas flores somente após ter-se erguido além da superfície, ficando imaculada de ambos, terra e água, que a nutriram - do mesmo modo a mente, nascida no corpo humano, expande suas verdadeiras qualidades (pétalas) após ter-se erguido dos fluidos turvos da paixão e da ignorância, e transforma o poder tenebroso da profundidade no puro néctar radiante da consciência Iluminada. Se o impulso para a luz não estivesse adormecido na semente profundamente escondida na escuridão da terra, o lótus não poderia se voltar em direção à luz. Se o impulso para uma maior consciência e conhecimento não estivesse adormecido mesmo no estado da mais profunda ignorância um Iluminado nunca poderia se erguer da escuridão.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Reflexões

As semanas deste final de ano têm sido bem agitadas, afinal inexperiente, eu não imaginei que fosse tão difícil organizar sacolinhas para doação de natal. Mesmo assim me inscrevi em um curso, continuei lendo meus livros, e buscando conhecer, me instruir, me melhorar.
Assim comecei a última semana de novembro, primeira de dezembro fazendo um curso sobre umbanda. Como é bom estudar e saber que se está no caminho certo. Poder nomear as coisas que fazemos é de uma riqueza que não tem preço.
Foi assim meu domingo, 27 de novembro. Dei uma forma real aos textos lindos que recebo toda semana e que releio em meu centro. Conheci a mãe Monica. Aprendi que mais importante que julgar é conhecer. Talvez por isso Sócrates, o filósofo, a dois mil anos já dizia: conhece-te a ti mesmo. Conhecendo o nosso interior saberemos que o julgamento é moral e depende da cultura, da educação e da atitude particular de cada um.
Na terça-feira eu compreenderia essa teoria na prática. Ao assistir ao programa SBT Repórter pude ver como é importante saber discernir as coisas. A reportagem falava sobre os cultos de candomblé na Bahia. A reverência a Nanã Buroque, Nossa Senhora no catolicismo, comidas de santo, etc.
Apresentou as baianas que ganham a vida fazendo acarajé para vender. Explicou que o acarajé inicialmente era uma comida de santo em homenagem a Iansã, e que assim é vendido a todos, apesar de sabermos sua origem. Porém, mostrou a nova realidade baiana: as igrejas evangélicas que crescem em grande proporção em solo baiano.
Nada disso me causou incomodo, afinal cada um que reverencie Deus da forma que achar melhor. A minha surpresa foi saber que agora também é vendido em solo baiano o acarajé de Jesus. E que para os evangélicos que acima de tudo são baianos, o acarajé de Jesus pode ser comido porque é feito para um Deus verdadeiro, o deus da bíblia. Já o acarajé da baiana não pode ser comido porque é feito para um Deus que nem a própria baiana sabe se existe, um Deus falso, mentiroso.
E eu percebi a importância do conhecimento sem julgamento. Falamos tanto de intolerância religiosa, intolerância sexual, mas isso tudo me fez pensar que na verdade vivemos a intolerância humana. O homem não é capaz de tolerar o que é diferente.
Ele não percebe que somos iguais na nossa diferença. Somos acima de tudo seres que nascem, crescem, respiram e morrem. Isso não é diferente. A beleza de viver se apaga porque não somos capazes de tolerar. Não toleramos nada que não saia de nós mesmos.
E assim vamos vivendo, repetindo os mesmos erros: os nossos erros e de nossos antepassados. E passei a semana com todos esses pensamentos borbulhando em minha mente pensando no que podemos fazer para melhorar essa convivência? O que é preciso acontecer para que o ser humano aprenda a dividir multiplicando e não diminuindo...
Assim fechei a semana assistindo ao programa Altas horas e vendo uma de suas atrações me mostrarem o caminho para essa mudança: a música.
Segundo o colunista Renato Kramer “O engenheiro de som americano Mark Johnson com o objetivo de conectar diferentes culturas e mentalidades criou um projeto que se utiliza da música como instrumento para buscar a Paz. Assim foi formada a banda Playing For Change, com artistas de diversas nacionalidades. Músicos de rua, em sua maioria”.
Kramer disse que “Mark contou que estava andando numa estação do metrô de Nova York, quando viu duas figuras com túnicas brancas, parecendo monges. Um tocava e o outro cantava lindamente. Disse que ficou fascinado com a qualidade do que ouvia e o quanto eles atraiam a atenção do público. "A grande habilidade que a música tem de aproximar as pessoas", disse Mark. Foi aí que decidiu montar um estúdio de som móvel e "procurar pelos momentos de música e inspiração onde eles estivessem".
O clipe musical do Playing For Change, que reuniu 35 músicos de todos os cantos do mundo acompanhando o cultuado cantor de Rua Roger Ridley em "Stand By Me" (Jerry Leiber, Mike Stoller, Ben E. King), já está na casa dos cinquenta milhões de acessos no YouTube, segundo Serginho Groisman. De "brasileiro" no clipe, o belo som do cavaquinho de Cesar Pope.
Para os músicos o bonito do projeto é que ele une os povos nas suas diferenças. Somos diferentes, mas podemos conviver com isso porque o mundo só terá paz quando soubermos respeitar o nosso semelhante.
Pela música e através dela poderemos construir um mundo melhor: tolerante, diferente, igual, harmonioso, sensível.


Participem, tolerem, apóiem. Faça diferente. 
Seja a diferença nesse mundo tão conturbado e necessitado de paz, tolerância e sabedoria.
Coma acarajé seja ele de Jesus ou das baianas, porque antes de qualquer coisa é preciso lembrar a máxima que nosso Mestre nos ensinou:     
      
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI.

Nós não somos iguais a Jesus e mesmo assim Ele nos amou, nas nossas diferenças e nas nossas semelhanças. Falemos menos e pratiquemos mais. Viva o amor.

Flor de Lótus.

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